A flexibilidade de combustível é crucial para minimizar riscos, enquanto o segmento de telecomunicações avança para um futuro livre do carbono
05 July 2022
Todos os setores industriais estão dedicados à meta de um futuro neutro em carbono ou zero carbono. É algo esperado pela sociedade, exigido pelos clientes e reconhecido e aprovado pelos acionistas, como parte da política ambiental, social e de governança corporativa (ESG) de uma empresa. Até 2030, estima-se que cerca de 65% dos carros na Europa serão movidos por sistemas de transmissão de bateria elétrica (BEV). Até 2040, espera-se que o segmento de caminhões pesados tenha seguido o mesmo caminho, com trens de força movidos a BEV para entrega urbana ao consumidor e uma mistura de gases de BEV, bioGNL e bioGNC e células de combustível de hidrogênio para os transportes de longa distância.
O setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), impulsionado por redes de telecomunicações e centros de dados, pode ser responsável por até 14% das emissões globais de carbono até 2040, acima dos 3-4% atuais, de acordo com um relatório em Finanças Ambientais. Espera-se que a introdução do 5G acarrete um avanço ainda mais rápido no uso de dados, com pesquisas sugerindo que o ecossistema 5G pode levar a um aumento de 160% nas demandas de energia até 2030.
O setor de telecomunicações já se comprometeu a combater as mudanças climáticas, com o lançamento de uma rota científica para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em todo o setor. “O segmento móvel
é um dos primeiros grandes setores do mundo a definir voluntariamente uma meta científica para a redução de emissões”, afirmou Mats Granryd, Diretor Geral da GSM Association.
Em um artigo no UN Climate Change News, comentou: “Nosso setor formará a espinha dorsal para a futura economia global e tem um papel único a desempenhar para alcançar uma economia de emissões líquidas zero. Um mundo descarbonizado será um mundo digital, por isso, devemos assumir a dianteira e a responsabilidade de fomentar ações positivas contra as mudanças climáticas”.
As operadoras de rede móvel, empresas de estruturas de torres e de serviços de energia estão sendo forçadas a considerar uma ampla gama de soluções potenciais, muitas das quais representam apenas paliativos ou etapas no avanço tecnológico.
Para instalações de telecomunicações sem uma rede disponível, ou com rede pouco confiável, os geradores a diesel são atualmente predominantes. Tal como acontece com outros setores da indústria, já existem opções disponíveis, com novas soluções em desenvolvimento. As operadoras de rede móvel, empresas de estruturas de torres e de serviços de energia estão sendo forçadas a considerar uma ampla gama de soluções potenciais, muitas das quais representam apenas paliativos ou etapas no avanço tecnológico.” O único ponto pacífico até o momento é que haverá uma demanda contínua por redução de carbono, sem contar a redução nos níveis de óxidos de nitrogênio (NOx), material particulado (PM) e demais hidrocarbonetos emitidos.
Nas palavras de Nick Rawson, Chefe do Departamento de Inovação de Produtos da Bladon Micro Turbine: “Os dias de glória do diesel chegaram ao fim”.
Avaliação dos riscos
Qualquer transição que possa superar a rede ou a dependência das redes de baixa confiabilidade dos geradores movidos a diesel implica riscos. Àqueles na vanguarda tecnológica correm o risco de que determinada solução não seja a ideal. No entanto, protelar a aceitação da mudança pode significar ficar para trás, em termos de de capacidade e experiência, obrigando investimentos financeiros maciços para acertar o passo com os concorrentes.
É provável que uma tecnologia inovadora seja intensiva em gastos de capital, pelo menos inicialmente. O motor da mudança, também, pode estar fora do controle de uma empresa. As empresas de telecomunicações não são responsáveis pela infraestrutura que será necessária para respaldar o movimento em larga escala em direção aos combustíveis alternativos. Desse modo, não é sem correr diversos riscos que se investe em um abastecimento de combustível sobre o qual não se tem controle. As células a combustível de hidrogênio e metanol de alta qualidade são exemplos de tecnologia que está à mercê de fatores externos, fora do controle do setor de telecomunicações.
Os investidores também podem ficar à mercê das decisões do governo, e a sua volatilidade. A China, por exemplo, está desenvolvendo rapidamente a fabricação e distribuição de hidrogênio, alinhada à política governamental vigente, mas esse decerto não é o caso em muitos outros países, no qual uma rede de distribuição de hidrogênio viável ainda está a décadas de distância. Portanto, a logística desempenha um papel importante em qualquer período de transição e cada solução potencial deve ser avaliada de forma holística.
Um determinado combustível pode fornecer a solução para o problema em uma operação específica, mas se o custo de trazer esse combustível para o local for proibitivo, ou mesmo impossível, a solução tecnológica em si pode não ser viável. Isto é particularmente válido para o setor de telecomunicações, e sua forçosa vastidão geográfica e ambientes não raro desafiadores.
Possíveis opções de combustíveis
De acordo com a Agência Internacional de Energia, para atingir a meta de zero emissões líquidas até 2050, o investimento anual em energia limpa em todo o mundo precisará mais que triplicar até 2030, para cerca de US$ 4 trilhões. A entidade aposta que a maior parte das reduções nas emissões de CO2 até 2030 virá de tecnologias já existentes no mercado hoje. Mas sustenta que, até 2050, quase metade das reduções virão de tecnologias que já se encontram em fase de demonstração ou protótipo. A capacidade de utilizar uma variedade de opções de combustível à medida que avançamos será fundamental para reduzir a dependência de uma só tecnologia.
O diesel tem sido a principal força motriz no mercado de geração de energia por anos a fio; e a adoção constante de padrões de emissão de gases de escape mais rigorosos resultou em uma notável redução do CO, CO2, PM e NOx na última década. No entanto, como sabemos, o mundo está se afastando do diesel por razões ambientais. Do ponto de vista econômico, como vimos recentemente com aumentos globais acentuados nos custos do petróleo, a dependência de uma única commodity, como o diesel, como energia primária ou reserva, também deixa as indústrias expostas aos solavancos dos preços das commodities.
O biodiesel Éster Metílico de Ácido Graxo (FAME) e os Óleos Vegetais Hidrotratados (HVO) são alternativas existentes ao diesel, oferecendo uma pegada de carbono muito menor. No entanto, o FAME é um combustível desafiador para o uso confiável em motores a pistão, embora se encontre prontamente disponível, em especial na Ásia. O diesel verde (HVO) é um substituto imediato do diesel convencional, mas está em alta demanda, e há escassez de oferta e, em longo prazo, não há matéria-prima suficiente para se tornar uma alternativa forte o suficiente para suprir as telecomunicações.
Os biogás para muitos representam o próximo passo, com produção em larga escala de fontes como a indústria de resíduos prevista para 2023. O biogás pode ser neutro em carbono e utiliza resíduos que atualmente produzem grandes quantidades de metano, um potente gás de efeito estufa. O biogás é fácil de fabricar e prevê-se um crescimento significativo, em particular nas áreas em que os resíduos vegetais, animais ou humanos estão prontamente disponíveis. O biogás, no entanto, também é limitado em escala, o que nos leva ao hidrogênio.
Embora o hidrogênio esteja sendo claramente promovido como um combustível do futuro, pode levar de 5 a 10 anos até que esteja amplamente disponível, e está muito aquém de ser uma alternativa viável para abastecer um gerador de torre de telecomunicações em ambientes não urbanos. O hidrogênio precisa ser comprimido, o que consome energia, e o transporte requer grandes tanques de alta pressão. Mesmo nesta pressão, a densidade volumétrica extremamente baixa do hidrogênio significa que um grande caminhão-tanque pode transportar relativamente pouca energia, tornando-o impraticável para locais mais remotos. Esses locais precisarão lançar mão de um combustível alternativo de baixo carbono, em particular o FAME, HVO ou biogás, a depender da aplicação.
As energias renováveis oferecem uma solução potencial em algumas partes do mundo. A energia solar e eólica podem fornecer energia suficiente para operar instalações menores, principalmente com bateria de reserva, embora possam enfrentar dificuldades com um aumento de capacidade. Os geradores de energia de baixo carbono também podem render uma reserva para fontes de energia renováveis, oferecendo uma abordagem híbrida, que mantém os custos e o carbono baixos, embora com a confiabilidade crítica exigida pela infraestrutura de telecomunicações.
Redução dos riscos
A flexibilidade será central em qualquer período de transição. A capacidade de optar por diferentes combustíveis para atender a uma oferta e demanda em evolução permitirá que os operadores acompanhem o passo das mudanças na legislação, fornecendo energia aceitável, sem grandes despesas de capital em cada etapa do trajeto.
O Gerador com Microturbina (MTG) da Bladon é uma solução independente de combustível, capaz de operar com uma ampla variedade de compostos químicos. O combustor modular na microturbina é fácil e rápido de trocar no local, em menos de uma hora na maioria dos casos, o que propicia aos operadores uma solução eficaz e segura do ponto de vista financeiro para satisfazer uma legislação e as necessidades de tipos de combustíveis em dinâmica evolução. Ele elimina o risco de ativos ociosos obsoletos ou a incapacidade de obter o combustível específico exigido por outros tipos de geradores.
Capaz de, no momento, rodar com diesel, querosene, parafina ou HVO de baixo carbono, além das misturas de biocombustíveis FAME, a empresa já está trabalhando em uma solução de hidrogênio, com um demonstrador previsto para o final de 2022. Um combustor de biogás já foi desenvolvido e será comercializado em 2023. Essa capacidade de funcionar com uma ampla variedade de combustíveis possibilita às empresas de serviços de energia e empresas de estruturas de torres uma solução multicêntrica, com base em um único fornecedor. Isso permitirá que os clientes, em essência, usem a mesma máquina básica, com um farto repertório de combustíveis, em locais distantes de torre de telecomunicações em todo o mundo.
A flexibilidade será central em qualquer período de transição. A capacidade de optar por diferentes combustíveis para atender a uma oferta e demanda em evolução permitirá que os operadores acompanhem o passo das mudanças na legislação, fornecendo energia aceitável, sem grandes despesas de capital em cada etapa do trajeto.
Com centenas de milhares de torres sem rede ou com má conexão à rede, o MTG pode ser usado como a principal fonte de energia ou, cada vez mais, como back-up para uma série de soluções renováveis. Ele oferece total segurança de rede e uma solução de longo prazo, que pode acompanhar a transição para um futuro livre do carbono. O MTG oferece flexibilidade de combustível, reduzindo o risco operacional e financeiro e atendendo às necessidades em constante mudança dos clientes em todo o mundo.
Sobre a Bladon
A Bladon Micro Turbine é pioneira no projeto, desenvolvimento, engenharia e fabricação de grupos geradores com microturbina (MTGs). Combinando engenharia britânica de renome mundial e recursos avançados de fabricação com suas tecnologias patenteadas exclusivas, a empresa é a primeira fabricante mundial de grupos geradores com microturbina para o mercado de telecomunicações. O Bladon MTG é produzido nas novas instalações de engenharia e fabricação da empresa em Leamington Spa, para onde a excelência da engenharia britânica converge.